A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, maio 19, 2007




"UGT funciona como uma direcção-geral do Poder" (Carvalho da Silva - CGTP)

CGTP usou a greve para dividir a UGT (João Proença - UGT)

"Precariedade, desemprego, flexisegurança, desigualdade. O país está marcado por estas quatro palavras"

* Domingos de Andrade e Paulo Baldaia

Recorre com frequência ao comportamento da criança a quem se pergunta o que quer ser quando for grande. Talvez por estar a chegar à barreira dos 60. Ou talvez por ter sido pai há quatro anos. Ou talvez por alimentar a humildade, que lhe está no berço minhoto de pais agricultores. Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP há duas décadas, é agora quase doutor com "D" grande em Sociologia. Mas continua o mesmo de sempre.

Parece agastado quando se perde a olhar o Tejo. Mas diz que não, a correr. E justifica-se. Preparar a greve geral para 30 de Maio não é tarefa fácil. É ir para a cama às tantas da manhã. É pensar na mobilização. É tratar de fazer do 1.º de Maio que hoje se comemora a primeira advertência séria ao Governo. Manuel Carvalho da Silva não quer, de resto, falar sobre muito mais. A palavra greve sai-lhe uma, e outra e outra vez, repetida até à exaustão. Em entrevista ao JN, o líder da CGTP quase só se liberta quando fala dos vizinhos sindicais. Irritado. "A Direcção da UGT faz um pouco a política de cuco".

Jornal de Notícias|O país está preparado para uma greve geral?

Carvalho da Silva|Têm que estar preparados os trabalhadores. Por isso, situamos muito bem as razões de protesto, que não são novas, mas que se têm acentuado, além de outras que estão a emergir. Esta greve tem, indiscutivelmente, de ter razões muito fortes. Razões sócio-laborais. E as coisas não mudam se não houver uma tomada de atitude das pessoas. Porque do ponto de vista político o contexto é muito complexo.

Há, depois dos últimos governos de Guterres, Santana e Durão, uma predisposição para dar o benefício da dúvida ao Governo?

As pessoas não têm alternativa de mudança. E esse é um grande desafio.Esse é que é o grande problema de fundo. Mas o cenário político está bastante empobrecido. E as últimas semanas não têm mostrado nada de bom, nem dado sinais de melhoria, antes pelo contrário. Pessoalmente, constato que há muita preocupação por isto acontecer. É todo este cenário que nos incentiva à greve geral.

Não era consensual, dentro da CGTP, a marcação de uma greve geral. Receia um fracasso?

Não receio fracasso nenhum. Nenhum dos dirigentes da Central o receia, mesmo aqueles que mais se bateram para que pudéssemos adoptar outras formas de luta no dia 30, que não a greve geral.

Está a falar de si?

Não, não estou a falar de mim. E, depois, já passou o tempo de falar sobre isso. Agora, há é a necessidade de sensibilizar os trabalhadores para as razões da greve e para a necessidade de tomarem uma atitude.

Que razões são essas?

Precariedade, desemprego, flexisegurança, desigualdade. O país está marcado por estas quatro palavras. É preciso uma mobilização geral dos trabalhadores e é preciso uma consciencialização para travar a degradação destes quatro campos. Hoje, a ofensiva contra os direitos laborais está, momentaneamente, centrada na Administração Pública. Mas não vai ficar por aqui. E é transversal a todos os governos europeus. A flexisegurança é disso o exemplo. E a flexisegurança, de que tanto se fala, resume-se a isto liberdade de contratar e de despedimento. Mas liberdade de contratar já existe, ou não? Anda-se por aí a dizer que a Segurança Social em Portugal vai ser melhor do que o que era; que a Saúde vai ser melhor do que era; que o subsídio de desemprego vai ser melhor do que era. Mentira. Os neo-liberais querem uma liberalização do despedimento a troco de promessas que não se cumprem.

Um dos temas abordados na primeira Comissão Executiva da CGTP, em que se discutiu a greve geral, foi a necessidade de chegar a acordos com outros sindicatos. Já houve conversas com a UGT

Seria desejável se houvesse ambiente para isso.

O líder da UGT, João Proença, já deixou ficar claro que não há razões válidas para fazer uma greve geral.

Um sindicalista que se preze, que queira ser digno da função, deparando com uma situação de uma organização sindical que está envolvida numa luta, que tem razões objectivas, que tem fundamentos sólidos, não discute questões processuais, ou se é ajustado ou não. Perante uma greve, um sindicalista só pode ter uma posição se as razões são justas, é ser solidário, de forma activa ou de forma passiva.

E acha que João Proença e a UGT não estão a ser?

Eles que respondam por aquilo que disseram. Mas um sindicalista que se posiciona como se fosse primeiro-ministro e que, num contexto em que essa luta tem razões fundadas, diz o que diz, faz muito mau trabalho. Já agora, em relação à UGT, ou à direcção da UGT, ao mesmo tempo que dizem isso posicionam-se fazendo um pouco a política de cuco. Está em marcha uma dinâmica de luta e o patronato privado e público, ou seja, patronato e Governo, já começou a desenvolver em vários sectores medidas para desarmar a luta. Estamos, também, a assistir a isto, que é desgraça dupla ver trabalhadores que estão contra a luta a fazer o aproveitamento da luta. Isto é feio. Para não usar outra expressão.

Quer dizer que a UGT está a aproveitar o momento para, através dos seus sindicatos, ajudar o Governo?

Eu disse que os patrões e o Governo estão, como sempre fizeram, em marcha com medidas desse tipo.

Está a fugir à questão. Adiante. Os transportes foram fundamentais para o aparente sucesso da greve geral de 2002. Há um acerto, este ano, entre os diversos sectores, mesmo envolvendo sindicatos da UGT

Os sindicalistas, todos, de todos os sectores, da CGTP e da UGT, merecem-me o máximo de respeito. E espero que sejam capazes de estabelecer as pontes de diálogo. A direcção da UGT, muitas vezes, funciona é como uma direcção-geral do Poder do momento, funciona como lóbi do Poder. E até tem a sua eficiência. Mas nós, quando falamos em greve, estamos a falar do sindicalismo reivindicativo português, do sindicalismo que tem acção, que está nas empresas, a viver as dificuldades com os trabalhadores, que está no combate.

Quando diz que a UGT funciona muitas vezes como fazendo lóbi com o Poder instituído

... Eu não disse fazendo lóbi com o Poder instituído. Eu disse que, por vezes, a direcção funciona como um departamento geral, como uma super direcção-geral de vários ministérios, identificando-se com dinâmicas no Poder.

É o mesmo

Há diferenças significativas. Os lóbis são uma forma de organização muito considerável nas sociedades actuais. Portanto, a estrutura da sociedade e a organização da sociedade é aquilo que é.

in Jornal de Notícias 2007.05.01


Entrevista CM: João Proença

CGTP usou a greve para dividir a UGT

João Proença, secretário-geral da UGT, acusa a CGTP de usar a greve geral de dia 30 para enfraquecer e dividir a UGT, afirma que não vai mudar coisa nenhuma e que pode inclusive ser prejudicial para a luta dos trabalhadores. Diz que a reforma em curso na Administração Pública está um caos.

Correio da Manhã – A UGT não apoia a greve geral de dia 30 marcada pela CGTP. Porquê?

João Proença – A UGT apoia as greves marcadas pelos seus sindicatos. Mas nunca assumimos a luta pela luta, a greve pela greve. Sobre a greve dita geral declarada pela CGTP não há um motivo concreto.

– É um motivo meramente político?

– É muito difuso, político em geral. Se formos ver bem, porquê feita hoje e não há dois anos? E depois a CGTP não teve qualquer contacto com a UGT.

– Não houve qualquer contacto?

– Nada. Não houve qualquer contacto tentando viabilizar a adesão da UGT ou dos seus sindicatos a essa greve. Pelo contrário, a CGTP usou a greve para dividir a UGT e enfraquecê-la.

– Contactou sindicatos da UGT?

– Fez isso para tentar demonstrar que a UGT não está com a greve, logo não está com os seus sindicatos e os seus trabalhadores. E foi isso que obrigou a UGT a vir publicamente explicar o porquê de não fazer a greve.

– Porquê então?

– Não vai para a greve porque nem sempre uma greve é boa. É boa se tiver uma forte adesão dos trabalhadores e demonstrar a sua força. Uma greve fraca enfraquece a luta dos trabalhadores.

– A greve vai contar com o apoio de sindicatos da UGT?

– Os sindicatos da UGT poderão fazer parte da greve. Não temos aqui nenhum estalinismo de procedimentos que leve sanções a quem faça a greve. Mas não prevemos que algum sindicato significativo, nomeadamente da área dos Transportes, muito importante para a CGTP, faça greve.

– Não há razões para a greve? Reforma do Estado, desemprego?

– Não, porque no dia seguinte à greve geral vamos continuar a não saber o que é que a CGTP pretendeu alcançar com a greve geral. Manifestar o descontentamento dos trabalhadores da Administração Pública? É mais do que manifesto. Estão claramente zangados com o Governo. Já fizeram uma greve nacional bastante conseguida.

– E essa greve mudou alguma coisa?

– Acho que o Governo alterou alguns procedimentos, de uma forma muito ligeira, mas a verdade é que estamos hoje confrontados com um verdadeiro caos na reforma da Administração Pública.

– É o caos?

– Está naquela fase de caos. Se vai dar alguma coisa positiva não sei. Sei que para os trabalhadores está a ser negativa com a ameaça da mobilidade. Em termos de País a ver vamos.

– A reforma não está a andar?

– Assistimos à paralisação da Administração Pública e à desmobilização dos trabalhadores. Sentem que têm os seus postos de trabalho ameaçados, sentem que podem ir para o quadro de mobilidade se não forem do total agrado do chefe. Arriscam-se a ir parar ao quadro de mobilidade porque os critérios não existem.


– São arbitrários?

– Veja o que se passou no Ministério da Agricultura, em que não há critérios. O ministro disse para cada dirigente fazer os seus critérios, fizeram uma avaliação para ajustar aos critérios.

– Tudo ao contrário?

– Claro. Um disparate total. O próprio ministro demitiu-se da reestruturação. Como é possível? Há uma decisão política, não sei de quem, para se reduzir os trabalhadores em trinta por cento. É inaceitável que ele diga a cada um dos seus dirigentes para aplicar esse corte.

– Sem critérios?

– O que tinha de dizer era quais eram os serviços fundamentais, os que ia extinguir e por aí adiante. Não. Cada director-geral reduza trinta por cento e façam como muito bem entenderem. Avaliação? Não houve a tempo.

– Como é que explica isso?

– Acho que tem havido erros graves na maneira como está a ser conduzida a dita modernização da Administração Pública, nomeadamente na maneira como os trabalhadores foram tratados na chamada harmonização dos direitos. Poderia ter havido mais diálogo e, essencialmente, não confundir direitos com privilégios.

– Voltando à greve. Não vai alterar este estado de coisas?

– Não vai alterar nada.

– Vai ser uma greve essencialmente do sector público?

– Estou convencido de que vai ser a greve de protesto de muitos trabalhadores da Administração Pública. Mas uma greve de protesto que conduz a poucos resultados.

– A greve também provocou divisões na CGTP.

– Sim, a decisão foi tomada por uma tendência que é esmagadora, a comunista, contra os restantes sindicalistas.

– Incluindo o próprio secretário-geral?

– Não comento essas especulações.

"NÃO É DIFÍCIL DESPEDIR"

CM – Começou agora a falar-se de flexigurança no mercado de trabalho. Não existe já em Portugal?

J.P. – Os relatórios da OCDE falam da pouca flexibilidade porque só olham para o despedimento individual, o que é profundamente errado. Em Portugal há uma grande flexibilidade como há uma elevadíssima precariedade. Portugal e Espanha são os países com maior precariedade na Europa.


– O que é que falta então?

Falta a adaptabilidade das condições de trabalho. As empresas hoje só produzem se tiverem encomendas. A definição rígida de posto de trabalho já não se adapta à realidade.

– Mas como é que se altera a situação? Com mais leis?

A lei pode dar uma ajuda. Mas, por exemplo, os empregadores dizem que fazem contratos a prazo porque é difícil despedir. É falso. Porque para se despedir trabalhadores há o despedimento colectivo. Repare que para uma empresa até 50 trabalhadores o despedimento colectivo é composto por apenas dois funcionários num prazo de três meses.

in Correio da Manhã 2007.05.19

João Proença e a UGT

João Proença no 1.º de Maio:

...“O líder da UGT não deixou ainda assim de censurar fortemente o Executivo Sócrates, sobretudo pelo aumento do desemprego, da precariedade do trabalho e das desigualdades sociais. "Sentimos novamente a pobreza e a exclusão", disse, já que o combate ao défice público "tem sido feito à custa dos salários e das pensões", além da quebra no investimento público. "Não é aceitável as políticas do quero, posso e mando!"

João Proença, num discurso duro para o Governo, responsabilizou-o pelo "caos" na administração pública. "Assiste-se também a uma ameaça generalizada aos trabalhadores de passarem para o quadro da mobilidade. Basta que não agradem ao chefe."

Perante cerca de mil pessoas, Proença frisou que a única inspecção que não é reforçada é a do trabalho. "Até parece que os trabalhadores são a última prioridade do Governo.”



In "Diário de Notícias" de 02-05-2007



Teriam que me explicar como se Eu fosse muito, muito, muito burro, porque é que este mesmo dirigente sindical e esta central sindical dizem não haver razões para a convocação de uma greve geral...

A cara não bate com a careta, aponta razões suficientes, mas sente-se obrigado a fazer o "frete" ao PS não alinhando na greve geral e tentando dividir os trabalhadores.

Talvez nas "fretadas" que a UGT se envolve, se encontre a explicação para o facto de no 1.º De Maio da UGT estarem cerca de 1.000 (???) pessoas e no 1.º de Maio da CGTP estarem cerca de 60.000. Os trabalhadores sabem bem quem são os seus dignos representantes e quem são os farsantes do meio sindical.

Não fosse o protagonismo que o governo e a comunicação social se vêm obrigados a dar-lhe e este dito sindicato já nem fazia parte da história actual. Assim, lá vai tentando cumprir (sem êxito) a sua função de divisão no meio laboral.

A GREVE GERAL marcada pela CGTP será uma grande resposta da classe trabalhadora às politicas neo-liberais do governo Sócrates/PS e não serão meia dúzia de falsos sindicalistas que a conseguirão pôr em causa.

A resposta às palavras de João Proença, vou buscá-la a uma frase de Che Guevara:

"A Revolução é algo que se tem na alma, não na boca para viver dela"

In blog Vermelho Vivo 2007.05.02  (http://bandeira-vermelha.blogs.sapo.pt/23747.html)

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